1- Amamentação como base para "comer sozinho".
O aleitamento materno exclusivo é recomendado para os primeiros seis meses de vida. A amamentação é a preparação ideal para auto-alimentação, com alimentos sólidos. Bebês amamentados em livre demanda, ao seu próprio ritmo - na verdade, é impossível forçá-los a fazer diferente disso! - sabem também equilibrar a sua própria ingestão de alimentos sólidos e líquidos. E como o leite materno tem variação de sabor de acordo com a dieta da mãe, a amamentação prepara o paladar do bebê para outros gostos.
Normalmente, bebês saudáveis amamentados são bastante capazes, com o apoio adequado de seus pais, de gerir a sua própria introdução de alimentos sólidos. No entanto, embora seja o controle do bebê sobre a alimentação, característica do aleitamento materno, que sustenta a teoria do BLW, muitos pais cujos bebês foram alimentados com mamadeira descobriram que este método funciona igualmente bem para eles. A única diferença significativa é a necessidade de assegurar que o bebê receba água, além do leite.
2- Compreensão da motivação do bebê
Esta abordagem para a introdução de sólidos dá ao bebê a oportunidade de descobrir o que os outros alimentos têm a oferecer, como parte da descoberta do mundo ao seu redor. Ele utiliza o seu desejo de explorar, experimentar e de imitar as atividades dos outros. Permitindo que o bebê defina o ritmo de cada refeição e mantendo a ênfase na brincadeira e na exploração, em vez do comer em si, permite a transição para alimentos sólidos da maneira mais natural possível. Isto porque o que parece motivar os bebês para fazer essa transição é a curiosidade, e não fome.
Não há nenhuma razão para as refeições coincidirem ou substiuirem as mamadas do bebê. Na verdade, pensando na amamentação e na introdução de alimentos sólidos como duas atividades distintas, será possível uma abordagem mais descontraída e tornar a experiência mais agradável para os pais e a criança.
3- Será que ele não vai engasgar?
Muitos pais se preocupar com a essa possibilidade. No entanto, há boas razões para acreditar que bebês correm menos risco de asfixia quando eles estão no controle do que entra em sua boca do que quando são alimentados com colher. Isto porque os bebês não são capazes de mover intencionalmente o alimento para o fundo da boca, ou para a garganta, até que tenha desenvolvido a capacidade de mastigar. E eles não desenvolvem a capacidade de mastigar até que tenham desenvolvido a capacidade de alcançar e agarrar coisas. A capacidade de pegar coisas muito pequenas se desenvolve mais tarde ainda. Assim, um bebê novinho não pode facilmente colocar-se em risco, porque ele não pode por pequenos pedaços de comida em sua boca. Alimentá-lo com colher, pelo contrário, estimula o bebê a sugar o alimento direto para o fundo de sua boca, o que poderia tornar mais provável o engasgo.
Parece que o desenvolvimento geral de um bebê mantêm o mesmo ritmo do desenvolvimento de sua capacidade de "gerenciar" o alimento na boca e de digeri-lo. Um bebê que está "lutando" para conseguir por um alimento na boca provavelmente não está totalmente pronto para comê-lo. É importante resistir à tentação de "ajudar" o bebê nestas circunstâncias, uma vez que as suas próprias capacidades de desenvolvimento são o que garantem que a transição
aos alimentos sólidos ocorrerá no ritmo certo para ele, mantendo o risco de asfixia mínimo.
Deitar um bebê para alimentá-lo com sólidos é perigoso. Para manipular o alimentos o bebê deve sempre estar apoiado na posição vertical. Isso garante que comida que ele ainda não é capaz de engolir, ou não quer engolir, fique na parte da frente de seu boca.
Adotar um método guiado pelo bebê não significa abandonar todas as regras de óbvias de segurança. Embora seja muito improvável que um bebê tenha sucesso em pegar um amendoim, por exemplo, os acidentes podem e vão acontecer em raras ocasiões. As regras de segurança normais para comer e brincar devem ser respeitadas quando se utiliza o BLW.
4- Assegurando uma boa nutrição
Bebês que comem sozinhos parecem aceitar uma ampla variedade de alimentos. Isto, provavelmente, é porque eles têm mais do que apenas o sabor do alimento para focar - experimentam textura, cor, tamanho e forma também. Além disso, dar os alimentos separadamente, ou de uma forma que lhes permite separá-los por si só, permite que ele
conheça uma variedade de sabores e texturas diferentes. E permitindo-lhe deixar qualquer coisa que não goste irá incentivá-lo a tentar coisas novas.
Os princípios gerais de uma boa nutrição para crianças aplicam-se igualmente aos bebês que usam BLW. Assim, "fast foods" e alimentos adicionados de açúcar e sal devem ser evitados. No entanto, tendo o bebê mais de seis meses de idade, não há necessidade (a menos que haja uma história familiar de alergia ou um distúrbio digestivo conhecido ou suspeita) de restringir os alimentos que podem ser oferecidos ao bebê. Frutas e legumes são ideais, cozidos levemente, de modo que fiquem suaves o suficiente para serem mastigados. Inicialmente, é melhor oferecer as carnes em pedaços grandes, a serem explorados e sugados; depois que o bebê conseguir pegar e soltar punhados de alimentos, a carne picada funciona bem. (Nota: Os bebês não precisa de dentes para morder e mastigar - gengivas fazem isso muito bem!).
Não há necessidade de cortar os alimentos em pedaços que caibam na boca. Isto irá tornar mais difícil para um bebê novinho lidar com o alimento. Um bom guia para a forma e tamanho adequados é o tamanho do punho do bebê, com um importante fator extra para se ter em mente: os bebês não podem abrir o seu punho no propósito de soltar as coisas. Isto significa que eles lidam melhor com os alimentos em forma de tiras ou que tenham um "cabo" (como o caule de um ramo de brócolis). Assim, ele pode mastigar o pedaço que está fora da mão e soltar o restante depois - geralmente ao alcançar o próximo pedaço que lhe interesse. A medida que suas habilidades melhorarem, menos comida será descartada.
5- E sobre as bebidas?
O teor de gordura do leite materno aumenta durante a mamada. Um bebê amamentado reconhece esta mudança e usa-a para controlar sua ingestão de líquidos. Se ele está com sede a tendência é mamar rapidamente, talvez em ambos os seios; enquanto que se ele está com fome, ele irá mamar por mais tempo. Sendo assim, os bebês que mamam sempre que querem e pelo tempo que quiserem (livre demanda), não precisam de qualquer outra bebida, mesmo em clima quente.
Este princípio pode ser seguido durante todo o período de transição para a alimentação da família, se o bebê continua amamentado em livre demanda. Um copo de água pode ser oferecido junto com as refeições como parte da possibilidade de exploração, mas não há necessidade de se preocupar se ele não quiser beber.
Bebês que são alimentados com fórmula precisam de um manejo um pouco diferente, já que a fórmua tem a mesma composição durante toda a mamada e, portanto, menos possibilidade de saciar a sede. Oferecer água em intervalos regulares, quando o bebê está comendo pequenas quantidades de comida, é tudo o que é necessário para garantir a ingestão suficiente de líquidos.
Continuar a amamentar em livre demanda durante o período de introdução de sólidos traz a vantagem de permitir que o bebê decida como e quando reduzir a ingestão de leite. Como ele comerá mais na hora das refeições em conjunto, então ele vai "esquecer" de pedir o peito ou mamará menos a cada mamada . Não há necessidade da mãe tomar essas decisões por ele.
Gill Rapley - Guidelines for implementing a baby-led approach to the introduction of solid foods – updated, June 2008 - Tradução livre por Érica Tavares
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